quarta-feira, 20 de junho de 2018

Espanha e França 2018
Dia 50 (20 de Junho de 2018)
(Poitiers – Oradour sur Glane)
 A noite no parque de estacionamento foi infernal pois existe uma linha de comboio mesmo ao lado do parque.
A manhã apresentou-se sem nuvens e já com muito calor.
Após o pequeno-almoço fomos ao Posto de Turismo solicitar mapas e informações turísticas, uma vez que ontem o mesmo estava fechado dado o adiantado da hora em que ali nos deslocámos.
Hoje a nossa visita iniciou-se pelo “Hôtel Fumé” o qual possui uma silhueta extraordinária que ainda se baseia fortemente em referências medievais, tendo sido construído em finais do século XV e início do século XVI no estilo gótico extravagante, por duas gerações sucessivas da família “Fumé”.
O edifício possui um pátio central, podendo ver-se ao fundo do pátio, o edifício original, que apresenta uma fachada gótica extravagante clássica, com claraboias esculpidas com figuras de animais e pináculos.
O “Hôtel Fumé” abriga hoje a administração e algumas salas da Faculdade de Ciências Humanas e das Artes.
O “Hôtel Fumé” encontra-se listado como Monumento Histórico.

"Hotel Fumé" em Poitiers, França

Fachada gótica extravagante no "Hotel Fumé"
em Poitiers, França

Pormenor das esculturas na fachada do "Hotel Fumé" em
Poitiers, França

Escultura numa parede do "Hotel Fumé" em
Poitiers, França

Escultura numa parede do "Hotel Fumé" em
Poitiers, França

Continuámos o nosso percurso até à Praça da Liberdade.
Este lugar tranquilo no centro da cidade, esconde a história heroica do General do Império, Jean-Baptiste Breton.
Assim, Jean-Baptiste Breton, conhecido como Berton (1769-1822). É um general do Império que deixou a sua marca durante as campanhas napoleónicas. Nostálgico do Império, conspirou contra Luís XVIII e inspirou várias conspirações naz região. Preso e julgado, é neste local que ele é guilhotinado em 5 de Outubro de 1822. O general Berton morre gritando “Viva a Liberdade”. Em memória a essas últimas palavras, o local foi renomeado para “Praça da Liberdade” “Place de la Liberté” no ano de 1900. No ano de 1903 as Loja Maçónicas de Poitiers mandaram erigir um modelo da célebre estátua de “Bartholdi” para honrar a sua memória.

"Praça da Liberdade" em Poitiers, França

Seguimos depois até à Catedral de São Pedro “Cathédrale Saint-Pierre” que é sem dúvida o edifício mais imponente da cidade de Poitiers. A sua construção foi iniciada no final do século XII em estilo gótico angevino, com excepção da fachada que, com sua rosácea e três portais esculpidos, segue a influência do gótico da ilha da França. Apresenta ainda uma colecção de 18 vitrais da primeira metade do século XIII.
A “Cathédrale Saint-Pierre” de Poitiers encontra-se listada como Monumento Histórico.

Catedral de São Pedro em Poitiers, França

Portais esculpidos da fachada da Catedral de São Pedro em
Poitiers, França

Portal esculpido da fachada da Catedral de São Pedro
em Poitiers, França

Pormenores das esculturas no portal da fachada da Catedral de
São Pedro em Poitiers, França

"Gárgulas" na fachada da Catedral de São Pedro em Poitiers,
França

Nave e altar-mor da Catedral de São Pedro em
Poitiers, França

Altar-mor da Catedral de São Pedro em Poitiers, França

Altar da "Virgem" na Catedral de São Pedro em Poitiers, França


Estátua de São Pedro na Catedral de São Pedro em Poitiers, França

Em seguida passámos pela Igreja de “Saint-Porchaire” de Poitiers que é uma das poucas igrejas de nave dupla. Provém de uma igreja carolíngia do século IX, da qual resta apenas uma parede de fachada e cripta. Na segunda metade do século XI, encostado nessa parede, foi construída uma magnífica torre sineira de estilo românico. A própria igreja foi reconstruída entre 1509 e 1520.
A igreja tem duas naves góticas lado a lado, uma a norte, construída para os paroquianos, a outra a sul para os monges que servem a igreja. Nada separa as duas naves, excepto três pilares cilíndricos.
Um dos altares tem um notável retábulo barroco.
Desta forma, sozinha, a Igreja de “Saint-Porchaire” de Poitiers, apresenta uma evolução da arte religiosa ao longo de sete séculos: carolíngia, românica, gótica e barroca.

Igreja de "Saint-Porchaire" em Poitiers, França

Vista das naves e altares-mor da Igreja de "Saint-Porchaire" em
Poitiers, França

O altar na nave sul dedicada ao culto dos Monges da Igreja 
na Igreja de "Saint-Porchaire" em Poitiers, França

O altar na nave sul dedicado ao culto dos Monges da Igreja
na Igreja de "Saint-Porchaire", em Poitiers, França

O altar principal na nave norte dedicado ao culto dos paroquianos
na Igreja de "Saint-Porchaire" em Poitiers, França

Retábulo de estilo barroco e adornado com os quatro evangelistas
(São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João) na Igreja de
"Saint-Porchaire" em Poitiers, França


Poitiers muito tem para ver e apreciar mas após termos passeado descontraidamente pelas ruas da cidade demos por finda esta visita, deixando mais algumas fotografias.

Casas tipo "enxaimel" na cidade de Poitiers em França




Ao fim da manhã saímos para a AS de "Lussac Les Chateaux", onde chegámos por volta das 12,00 horas.
Nesta AS durante o tempo que aqui estivemos pararam 12 autocaravanas, essencialmente para fazerem a manutenção das águas e aproveitavam também para comer. Almoçámos, fizemos a manutenção da cassete da autocaravana e saímos com destino a "Oradour-sur-Glane", onde chegámos por volta das 15,00 horas.
"Oradour-sur-Glane" é uma vila que dista 20 Kms a oeste da cidade de Limoges e fica localizada na região da Nova Aquitânia do departamento de Alto Vienne .

"Oradour-sur-Glane" tornou-se famosa por ter sido o local de um dos maiores massacres cometidos pelos soldados nazistas da “Waffen-SS” durante a Segunda Guerra Mundial.


Um pouco da história:
Dias após o desembarque das tropas aliadas na Normandia em 6 de Junho de 1944, no que ficou conhecido como o “Dia D”, tropas alemãs estacionadas na França dirigiram-se aos locais de desembarque para travar combate com as forças aliadas. Uma delas a “2ª Divisão Panzer SS das Reich” da “Waffen-SS”, as tropas de combate de elite das “SS”, atravessava boa parte do país em direcção à costa, tendo sido diversas vezes fustigada no caminho por sabotagens e acções da resistência francesa.
Em 10 de Junho de 1944, nas proximidades da vila de Oradour-sur-Glane, o comandante de um dos batalhões da divisão “Sturmbannfûher” Adolf Diekman, comunicou a seus oficiais subordinados que havia sido avisado por dois civis franceses da região que um oficial “SS” havia sido preso pelos guerrilheiros na cidade e seria executado e queimado publicamente nos próximos dias.
No começo da tarde, os pelotões da “SS” cercaram e fecharam a pequena vila de “Oradour” e o comando convocou toda a população para a praça principal a fim de fazer uma verificação de documentos. Homens e mulheres foram separados, os homens levados para celeiros e garagens das redondezas e as mulheres e crianças fechadas na Igreja da Vila.
Nos celeiros onde os habitantes masculinos eram esperados por metralhadoras montadas em tripés, todos foram fuzilados e os celeiros queimados com seus corpos dentro. Dos 195 homens de “Oradour” presos, apenas cinco escaparam. Enquanto isso, outros “SS” jogavam tochas incendiárias dentro da Igreja onde se encontravam trancadas as mulheres e crianças, causando um incêndio generalizado. Os sobreviventes que tentavam escapar pelas janelas eram metralhados por soldados colocados em posição do lado de fora. Apenas uma mulher, Marguerite Rouffanche, conseguiu escapar entre as 452 mulheres e crianças que morreram carbonizadas na chacina, pulando por um pedaço de janela quebrada pelo fogo sem ser percebida. Após a imolação, a tropa queimou a vila, até o chão. No total 642 habitantes de “Oradour” foram mortos pelas tropas nazis “Waffen-SS” em algumas horas, de um total de pouco mais de mil habitantes.
A barbárie causou uma onda de protestos dentro das próprias forças alemãs, incluindo o Marechal “Erwin Rommel”. O comando da divisão alemã considerou que o comandante “Dieckman” havia extrapolado em muito as suas ordens que era de fazer 30 franceses de reféns e usá-los como moeda de troca pelo suposto oficial nazista prisioneiro e abriu uma investigação judicial militar. “Dieckman” não chegou a ser julgado, morrendo em combate durante a “Batalha da Normandia” poucos dias depois do massacre, junto com a maior parte dos soldados que destruíram "Oradour-sur-Glane".
Após a guerra, o Presidente “Charles de Gaulle” decidiu que a vila não seria reconstruída, permanecendo suas ruínas como um memorial à crueldade nazista na França. Em 1999, “Jacques Chirac” ergueu um centro de memória em "Oradour-sur-Glane", e nomeou a vila como “cidade-mártir”.
A tragédia de "Oradour-sur-Glane" foi contada na televisão mundial em documentário na aclamada série BBC inglesa, (O Mundo em Guerra) de 1974. O primeiro capítulo da série abriu com imagens feitas de helicóptero sobre a cidade vazia e silenciosa e a narração grave na voz do locutor: “Por esta estrada, num dia de verão de 1944, os soldados vieram. Ninguém vive aqui agora. Eles aqui ficaram por algumas horas. Quando eles se foram, a comunidade que existia há mil anos, havia morrido. Esta é Oradour-sur-Glane, na França.”
A “cidade-mártir” de “Oradour-sur-Glane", encontra-se listada como Monumento Histórico e também classificada pela UNESCO como Património Mundial.

Após termos estacionado na AS decidimos começar a nossa visita a esta vila começando pela “cidade-mártir”.

AS de "Oradour-sur-Glane", França

À entrada para a “cidade-mártir” encontra-se o “centro de memória” que é um local de informação e de recolhimento sendo como uma viagem do nosso mundo actual ao ano de 1944, mostrando os eventos e todo o contexto que conduziram a este acto de barbaridade, bem como informações, fotos e objectos das vítimas.

"Centro de memória" em "Oradour-sur-Glane", França


As duas paredes laterais do corredor encontram-se com as fotos
das pessoas mortas pelas tropas nazis na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França



Fotos da “cidade-mártir” de “Oradour-sur-Glane”.

Entrada para a "cidade-mártir" de "Oradour-sur-Glane", França


Restos de casas destruídas na "cidade-mártir" de "Oradour-sur-
Glane", França

Placa identificativa do morador de uma habitação na "cidade-
mártir" de "Oradour-sur-Glane", França

Restos de casa de um dentista chamado de "Mme Reignier" na
"cidade-mártir" de "Oradour-sur-Glane", França

Placa identificativa numa casa na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França

Restos do "Hotel Restaurante M. Avril" na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França


Restos da oficina "P. Seantrot" na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França

Placa identificativa numa habitação da "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França

Restos de um "café e cabeleireiro" na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França

Carros queimados em antiga garagem na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França







Restos de "Escola Infantil" na "cidade-mártir" de
"Oradour-sur-Glane", França


Restos da oficina de ferreiro "J.-B. Beaulieu" na "cidade-mártir"
de "Oradour-sur-Glane", França

Imagens da Igreja da “cidade-mártir” onde foram fechadas 452 mulheres e crianças.






No cemitério que faz parte da visita à “cidade-mártir” é onde a quase totalidade das vítimas está enterrada. Nas campas encontram-se lápides com fotos e descrição dos falecidos durante o massacre.






 No espaço compreendido entre as ruínas da “cidade-mártir” encontra-se o “Martyrium” que abriga os objectos pessoais dos mortos encontrados nas ruínas.





A nova vila de “Oradou-sur-Glane”, cuja primeira pedra de início da sua construção se verificou no dia 10 de Junho de 1947, após ter terminado a Segunda Guerra Mundial, fica ao lado da “cidade-mártir”, a antiga vila.
Muitos dos sobreviventes e /ou parentes dos mortos continuaram a viver na vila de "Oradour", ou nas redondezas, pois queriam estar perto dos seus familiares falecidos.
Fotos da actual vila de "Oradour-sur-Glane"





Fotos da Igreja da actual vila de "Oradour-sur-Glane"






Não há palavras, nem imagens que possam descrever esta brutal barbaridade cometida nesta vila de “Oradour-sur-Glane” em que foram selvagemente mortas pelos soldados das SS nazis 642 habitantes, sendo 197 homens, 240 mulheres e 205 crianças.
Esta visita efectuada a “Oradour-sur-Glane” marcou-nos bastante.

O dia esteve com um sol abrasador e muito calor.
Estacionamento na AS de Lussac Les Chateaux, (coordenadas N 46º 24’ 10”  W 0º 43’ 32”)
Estacionamento e pernoita na AS de Oradour sur Glane, (coordenadas N45º 56’ 7”  W 01º 01’ 30”)
Percurso de Poitiers a Lussac Les Chateaux, 40 Kms
Percurso de Lussac Les Chateaux a Oradour-sur-Glane, 72 Kms
Percorridos no dia, 112 Kms


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